Ângelo Rebelo



Num mundo cada vez mais desempoeirado em relação à beleza, à estética e ao corpo, a cirurgia plástica tem conquistado novos adeptos, de todas as idades e intenções. Sobretudo porque se tornou mais descomplicada, mais acessível, menos invasiva, mas também porque há quem tenha passado uma vida a estudá-la, como é o caso do Dr. Ângelo Rebelo.



Dr. Ângelo Rebelo
Cirurgião plástico reconstrutivo e estético e fundador da Clínica Milénio


Com mais de 30 anos de experiência na área, observou de perto a evolução das técnicas, cresceu sempre à frente dela – como nos diz nesta conversa –, formou-se internacional e nacionalmente e tornou-se referência entre nomes reconhecidos das personalidades portuguesas. À Beautyland, conta como é estar em constante evolução, fala da revolução tecnológica na área e da facilidade cada vez maior na recuperação de quem se submete a uma cirurgia plástica na Clínica Milénio.
 
 
Quais são as técnicas, na cirurgia plástica, mas popularizadas nos últimos anos e porquê?
As cirurgias estéticas mais popularizadas nos últimos anos têm sido a cirurgia de mama e a retirada de gordura através de várias técnicas de lipoaspiração. As técnicas de lipoaspiração, até há poucos anos, estavam em primeiro lugar em todo o mundo e foram ultrapassadas pela cirurgia mamária, com a cirurgia de aumento com colocação de próteses a aumentar. É a mais generalizada, tanto em Portugal como em todo o mundo.
 
Pode descrever esses procedimentos – os principais – e identificar os seus públicos-alvo?
Qualquer um dos procedimentos tem diversas técnicas cirúrgicas, consoante os mesmos e os cirurgiões, e também as clínicas onde são feitos. Na Clínica Milénio, realizados por mim e sob a minha orientação, são as mamoplastias de aumento – ou seja, próteses de mama – que são feitas sob anestesia local com sedação, não há internamento, não há anestesia geral, têm uma recuperação rápida, há pouco tempo de limitação para as atividades habituais (das pacientes). As próteses são colocadas através de uma pequena incisão feita dentro da aréola, que fica praticamente impercetível passado pouco tempo, e as próteses são colocadas por baixo da glândula à frente do músculo para ficarem com um resultado natural. As próteses que usamos são da última geração de silicone, é gel coesivo, e a fábrica com que trabalhamos dá uma garantia vitalícia para a qualidade do silicone. Não são impeditivas da amamentação, no caso de a mulher engravidar, e não dão uma alteração de sensibilidade dos mamilos. Cada vez há mais mulheres, mais jovens a procurar este procedimento.



 
Há mais alguma cirurgia igualmente popular?
Quanto à outra cirurgia, a técnica que utilizamos é a lipoescultura infrasónica nutacional, uma técnica que difere da lipoaspiração convencional, porque se baseia numa função vibratória que desfaz a gordura e a aspira ao mesmo tempo. Esta técnica é mais precisa, é menos traumática e conseguem-se resultados superiores às outras técnicas, tanto na quantidade de gordura que se retira como na qualidade dos resultados. Também é feita com anestesia local e sedação, não há internamento, não há anestesia geral, tem pequenas incisões localizadas estrategicamente, e na lipoescultura pode-se fazer praticamente tudo no dia seguinte, com restrições apenas relacionadas com exercício físico violento e sol direto. Tem de se usar um material elástico compressivo nas zonas operadas durante três semanas, e de resto são acompanhadas (as pacientes) por sessões de drenagem linfática manual, para uma recuperação mais rápida.
 
Quais são as complicações mais comuns e o que esperar de um pós-operatório, em termos genéricos?
Todos os pós-operatórios, seja de que tipo de cirurgia for, podem ter complicações. Na clínica temos um folheto que entregamos a todas as pessoas que vão ser operadas por nós, com uma lista de complicações prováveis de acontecer. O importante é sabermos quais são essas complicações para as podermos prevenir e, se elas aparecerem, para as podermos tratar. As mais frequentes em qualquer tipo de cirurgia são hematomas, infeções e cicatrizes. Depois há os problemas que são específicos de cada tipo de cirurgia, mas os genéricos são os mais importantes. Já contemplamos tratamentos e terapias para minimizar essas complicações.
 
A cirurgia plástica é uma área artística, depende muito da nossa habilidade, perceção e sensibilidade.

 
Qual foi o tratamento que sobressaiu em 2022 e qual será aquele que podemos esperar ser tendência para 2023?
Em 2022, sem dúvida que foi o procedimento de aumento mamário com próteses. O que tem acontecido ultimamente é que há outro tipo de cirurgias de mama pedidas, temos o lifting ou a mastopexia – levantar e “arrumar” a mama, dando-lhe forma, sem recorrer a próteses mamárias. De qualquer maneira, a evolução que tem existido nos últimos anos em relação às próteses mamárias tem a ver com a qualidade das mesmas e com o facto de terem uma duração vitalícia. Em qualquer tipo de cirurgia estética é importante as pessoas serem acompanhadas periodicamente, para evitar as tais complicações.



 
De que maneira evoluiu a tecnologia nesta área, recentemente?
Na área da cirurgia da mama não há grandes evoluções tecnológicas, tirando os diagnósticos imagiológicos que são feitos antes da cirurgia. Hoje em dia já há técnicas mais avançadas, como as mamografias digitais, ressonâncias magnéticas, mas na cirurgia em si não há grande evolução tecnológica. Nas lipoaspirações sim, há uma evolução grande, começou com a convencional, para a seringa, para a ultrassónica e a mais recente passa pelo Vaser Lipo, que é uma mistura da ultrassónica com a vibratória. A mais recente é a lipoescultura infrasónica nutacional, que é mais segura, mais eficaz, com resultados mais evidentes e com uma maior quantidade de gordura passível de ser retirada.
 
Com os seus anos de experiência, o que diria que mudou mais nesta área? Pelo menos, na forma como as pessoas a percecionam.
O que mais mudou na minha forma de trabalhar, e para nós aqui na clínica, relaciona-se precisamente com as técnicas utilizadas. Significa isto que 98% das situações são feitas sem anestesia geral, sem internamento, com uma recuperação rápida, no dia seguinte à operação a pessoa está a tomar duche, está a retomar as suas atividades habituais e dependendo da profissão que tiver, o tipo de limitações acaba por ser minimizado, mesmo para a sua atividade laboral. Ao longo dos anos, o pós-operatório tem sido facilitado, a recuperação é mais rápida, as técnicas requerem menos cicatrizes, há menos dor e o resultado é muito superior. Daí também que as cirurgias estéticas tenham cada vez mais adesão e procura.



 
Como médico, também foi mudando? Acompanhou essa evolução?
A evolução é sempre feita mais por nós, médicos, do que o contrário – do que nós acompanharmos a evolução. Eu tenho tido uma preocupação constante em procurar técnicas e procedimentos que sejam melhores para os meus pacientes, como por exemplo alterar cicatrizes que fazia, incluindo em cirurgias de rosto, de lifting, de pálpebras. Somos nós que devemos ser o motor dessa evolução. A área da cirurgia estética não é das mais tecnológicas, é mais uma área artística, que depende muito da habilidade, da perceção e da sensibilidade do cirurgião estético.
 
A evolução é sempre feita mais por nós, médicos, do que o contrário – do que nós acompanharmos a evolução.

 
É importante desmistificar a cirurgia plástica e a medicina estética?
Sim, é um trabalho que tem sido feito ao longo de todos estes anos, também através de entrevistas e ensinamentos que vamos fazendo ao longo das consultas que temos diariamente. A desmistificação, no nosso país, passa pelas pessoas perderem o medo de fazer a cirurgia estética, sobretudo porque ainda acham que há anestesias gerais e há recuperações complicadas e pós-operatórios muito dolorosos. Por outro lado, tentamos reverter uma tendência que é a de as pessoas ainda terem alguma vergonha de fazerem uma cirurgia estética, porque escondem das amigas e dos seus relacionamentos próximos. Felizmente, os pacientes vão tendo cada vez menos vergonha, mas da minha experiência, continuo a achar que é um número bastante alto em relação a outros países onde se fazem este tipo de cirurgias. Esta é uma cirurgia como outra qualquer, que não pode ser considerada menor, supérflua ou de luxo. Porque as pessoas que procuram estas soluções têm ou sentem a necessidade de as fazer também por razões de saúde. A cirurgia estética nunca está desligada da saúde e tem impacto na autoestima da pessoa que recorre a ela. Vai interferir no seu trabalho, nas suas relações pessoais e sociais. Esta desmistificação é um trabalho contínuo, que vai continuar a ser feito ao longo dos próximos anos.


 


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